Pesquisar este blog

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MANÍACO DE LUZIÂNIA CONTINUA FORAGIDO MESMO UM ANO APÓS SUA MORTE

Maníaco de Luziânia continua foragido mesmo um ano após sua morte Erros e atrasos no abastecimento de informações em banco de dados nacional fizeram com que o pedreiro Ademar Silva fosse solto antes de cumprir a pena por abuso sexual contra duas crianças no DF. Livre, assassinou sete jovens no Entorno

O pedreiro Ademar Silva também atirou nas costas de um desafeto em um município baiano em março de 2000. Nunca pagou pelo crime.


Um ano após a sua morte, o maníaco de Luziânia (GO) continua foragido da Justiça. Apesar de a certidão de óbito atestar que Ademar de Jesus Silva cometeu suicídio numa cela da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), no complexo da Polícia Civil em Goiânia (GO), a rede Infoseg, do Ministério da Justiça, armazena informações de mandados de prisão em aberto fornecidas por três estados. A falta de atualização no sistema nacional expõe a fragilidade na manutenção de dados relevantes para a prisão e a soltura de acusados.

O pedreiro Ademar se beneficiou dos erros e dos atrasos do cadastro de informações do país. Em 23 de dezembro de 2009, por exemplo, o homem que mais tarde viria a assassinar cruelmente sete adolescentes em Luziânia (leia Memória) — município distante 66km de Brasília — acabou agraciado com uma progressão de pena. Em vez de cumprir os 10 anos e 10 meses em regime integralmente fechado por abusar sexualmente de dois meninos, de 11 e de 13 anos, em Águas Claras e no Núcleo Bandeirante, ele passou cinco anos e um mês na prisão, menos da metade da condenação.

A redução da sentença era uma conquista por ser réu primário e devido à boa vida pregressa dele. Mas o que a Justiça do Distrito Federal não sabia era que o pedreiro, além dos antecedentes criminais, era procurado havia uma década pela polícia da Bahia, acusado de tentar assassinar um homem no município de Serra Dourada. À época, as informações lançadas na rede de consultas criminais traziam uma grafia diferente daquela usada por ele nos documentos que tirou depois do casamento.

Ademar, também conhecido por Negão de Deraldo, resolveu expedir uma Carteira de Identidade nova na capital federal. Acredita-se que ele havia perdido a antiga. Para fazer o novo documento, usou a certidão de casamento, que trazia o nome errado: Adimar. O engano do escrivão do cartório favoreceu a sequência de crimes e lhe rendeu uma vida tranquila no DF, até que ele começasse a abusar de crianças. 

Assim, o mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz da Vara Criminal de Serra Dourada Argemiro de Azevedo Dutra, em 17 de maio de 2000, jamais o afetou. Apesar da acusação de ter atirado com uma espingarda nas costas de Leitinho dos Santos Oliveira, que sobreviveu aos disparos, Ademar acabou impune. Quando teve a prisão preventiva decretada, fugiu do município baiano. Àquela altura, não era mais visto na cidade. O irmão dele, Manoel Messias da Silva, 48 anos, acusado no inquérito policial de participação no crime, foi preso preventivamente. E liberado depois, por falta de provas.

Mandado de prisão
Os equívocos, então, começaram a conspirar em favor do maníaco de Luziânia. Em 15 de junho de 2000, houve uma atualização da Polícia de Mato Grosso no sistema do Infoseg. As informações processuais garantem que Ademar tem mandado de prisão em aberto, mas que não havia inquérito policial ou processo contra ele. “Como isso pode acontecer? Não existe mandado de prisão sem um inquérito policial. Está errado”, afirma o promotor do Ministério Público de Luziânia Ricardo Rangel.

A falha se repetiu em 26 de junho de 2000, quando a Polícia de Goiás também alimentou o sistema. Novamente, a ficha mostra que Ademar tem mandado de prisão em aberto, apesar de não responder a inquérito ou processo. Ciente dos mandados, a Justiça inicia uma novela em busca do foragido (veja Linha do tempo). As autoridades baianas pediram, na época, ajuda às autoridades brasilienses para encontrar o pedreiro, enviando um mandado de prisão à capital federal. Mas o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) encaminhou anos depois um ofício ao município baiano dizendo que não havia encontrado Ademar.

No ano seguinte, Ademar acabou preso por abusar sexualmente de duas crianças no DF. Por causa da confusão dos nomes, a Justiça do DF nem sequer sabia da tentativa de homicídio na Bahia.


Cadastro
A rede Infoseg tem por objetivo a integração das informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, como dados de inquéritos, processos, armas de fogo, veículos e mandados de prisão de todas as unidades da Federação e de órgãos federais. A rede disponibiliza informações por meio da internet em âmbito nacional. Elas são acessadas a partir das bases estaduais.

Fonte Correioweb 17.04.2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário