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sábado, 17 de setembro de 2011

Homens e Ratos

No final dos anos 70 e início dos 80, quando o país ainda vivia sob um regime de exceção, trabalhadores da região do ABC em São Paulo, uniram-se sindicalmente para lutar por direitos que lhes eram negados. Aqueles trabalhadores, mesmo proibidos de fazer greves ou outras manifestações públicas, enfrentaram o sistema vigente, surgindo dessa atitude um dos principais movimentos em defesa do retorno da democracia e dos trabalhadores no país.
O movimento sindical sempre se caracterizou por tentar fazer com que o poder vigente, seja em qual época for, conceda aos trabalhadores, muitas vezes através de atos considerados radicais, o que deveria conceder por decência, obrigação ou simplesmente por cumprir o que determina a lei. Exemplo disso é a defasagem salarial de sete anos devida aos policiais civis de Goiás, defasada em razão do governo simplesmente descumprir a lei, deixando de conceder o reajuste da data base. A justificativa dos governantes do momento para descumprirem a lei é sempre a mesma: falta de verba, crises, herança do governo anterior, etc., quase uma cartilha pronta e que nem é atualizada. Ora, lei não se discute, cumpre-se. Então, que o governo cumpra a lei e conceda aos policiais civis o que lhes é devido, ou seja, 42% referente aos sete anos sem reajuste.
Infelizmente, desde os primórdios do movimento sindical, misturados aos homens que sempre tiveram a coragem de cobrar dos governantes do momento, existiu a figura de um rato disfarçado de homem e que atende pela alcunha de PELEGO. A função dessa figura bizarra é infiltrar-se aos demais trabalhadores e tentar dissuadi-los de qualquer movimento que esteja em desacordo com os interesses de quem está no poder. A recompensa do pelego para esse trabalho sujo, covarde e mesquinho é quase sempre a possibilidade de trabalhar junto daqueles que estão no poder momentaneamente, contentando-se com pequenas migalhas, em formas de favores, que lhes são atiradas para mantê-lo em servidão.
A figura sinistra e infame do pelego materializou-se na recente greve desencadeada por nós, policiais civis goianos, especialmente os lotados na região do Entorno. Durante o movimento, a maioria dos colegas recebeu e-mails de alguns indivíduos que se diziam policiais e até de um grupo que se denominou “comissão independente”, ou algo que o valha, sempre tentando desencorajar os participantes do movimento, como se esses fossem incapazes de fazer uso das próprias razões. Alguns desses e-mails, escritos em vocabulário tosco e chulo, quase sempre partem para ofensas pessoais aos dirigentes do SINPOL-GO, certamente por faltar-lhes argumentos para embasar suas idéias, até mesmo porque é o que parece lhes faltar: idéias e argumentos, características de quem tem pouca capacidade de raciocinar.
Alguns desses indivíduos são completamente contraditórios, pois enquanto acusam os participantes do movimento de tentarem fazer divisões na categoria, propõem tratamento diferenciado e excludente aos colegas diferenciados dos demais, apenas na nomenclatura do cargo: Agente Policial e Agente Auxiliar Policial. Propor tratamento diferenciado a qualquer colega é a verdadeira “proposta indecente”, coisa que nos deveria envergonhar a todos.  
A seara adequada e legítima para discussões, contrárias ou favoráveis, às posições do Sindicato - legitimado através de Carta Sindical pelo Ministério do Trabalho - são exatamente as assembléias. Infelizmente, muitos colegas policiais não comparecem às assembléias para a salutar e democrática discussão de idéias, preferindo esgueirar-se pelo mundo virtual, tentando dissuadir os demais através de e-mails.
Assim, como na política, aquele se exclui do processo na luta sindical, delega a outros o poder de decidir. Esgueirar-se no anonimato da internet tentando bajular os detentores do poder não nos parece uma postura muito decente. Esperamos que esses, como já nos ensinou o velho Platão no livro VII da República, um dia possam sair da “caverna”.
  
Por: Gilberto Alves - Agente de Polícia / Filósofo
Fonte: Sinpol GO

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