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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quatro mil se desligam do Ipasgo


O Instituto de Assistência aos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo), que havia divulgado reajuste na tabela de dependentes dos titulares (agregados) em até 145%, voltou atrás e diminuiu o valor da faixa etária acima de 59 anos. O valor que estava previsto para R$ 352,54 – vigorando a partir de hoje, mas com vencimentos no dia 10 de novembro – cairá para R$ 271,25. Ou seja, o acréscimo de 145% passou para 89%.
No primeiro momento, após a alteração dos valores, pelo menos quatro mil agregados entraram com pedido de desligamento do plano. Ontem, durante todo o dia, o atendimento do Ipasgo realizado pelos Vapts Vupts foi bastante carregado. Em determinados momentos o sistema chegou a cair – era o último dia para pedir o desligamento antes de ter de pagar os novos valores.
Porém, mesmo os agregados que tomaram decisão imediata de desligamento poderão rever o pedido, feito em função dos valores anunciados. Os interessados poderão procurar os postos de atendimento no edifício-sede e nas regionais do Ipasgo, além das unidades do Vapt Vupt apresentando o protocolo do pedido de cancelamento.
O presidente do Ipasgo, José Taveira Rocha, acredita que a medida foi tomada com a sensibilidade de quem acompanha de perto os movimentos da população e as reivindicações dos servidores públicos estaduais. Nos últimos dias, o assunto foi debatido constantemente, inclusive com audiência pública na Assembleia.

Surpresa

A funcionária estadual há 29 anos, Gildete Ferreira de Magalhães, 52, nunca chegou a imaginar que algum dia teria de disponibilizar todo o salário para o pagamento da mensalidade do plano de saúde da família. Gildete é a personificação de como as alterações nos valores vão mexer com o orçamento dos trabalhadores.
Sem prever que um dia as taxas seriam elevadas em até 145% (agora em 89%), dependendo da faixa etária, ela, que ganha R$ 1,2 mil e possui empréstimo consignado no valor de R$ 436, terá de sacrificar R$ R$ 736 de sua renda para garantir atendimento médico aos filhos e mãe. Ou seja, já se foram R$ 1.172. Agora, com a redução do reajuste, ela irá poupar R$ 85, um valor ainda não muito significativo, “mas já ajuda.”
Para ela, o aumento é abusivo. “Mas meus filhos e minha mãe não podem ficar sem assistência médica. Vou fazer de tudo para não deixar o Ipasgo. Se precisar, vou comer só arroz com feijão. A doença chega quando a gente menos espera.”
Gildete sabe bem a rotina de quem possui sérios problemas de saúde. A mãe de 74 anos tem diabetes, osteoporose e problemas de coluna. Seu filho de 19 anos – também diabético – sofre de uma doença no pâncreas e necessita de acompanhamento médico mensal. Por isso, a ideia de abandonar o Ipasgo para ela não existe.
Mesmo com aumento, considerado exagerado por muitos titulares e agregados, a expectativa inicial do próprio Ipasgo é de que a maioria não iria deixar o instituto. A justificativa apresentada é de que os valores são 25% mais baixos que qualquer outro plano de saúde. O próprio diretor de assistência ao servidor do Ipasgo, Múcio Bonifácio Guimarães, havia afirmado que pela demanda dos dois primeiros dias – após anúncio do reajuste – poucas pessoas iriam se descredenciar – mas chegou a quatro mil. “Nós não temos nenhum outro propósito se não de querer que os agregados permaneçam”, declarou Múcio, antes da divulgação da redução do reajuste.

Atitude precipitada

Múcio ainda acredita que deixar o Ipasgo neste momento pode ser atitude precipitada. “É decisão que pode ser ruim para o usuário. Nós oferecemos atendimento odontológico, psicológico e fonoaudiólogico. Assistência que normalmente não é oferecida por outros planos de saúde do mercado.”
Das 650 mil pessoas credenciadas no plano, 350 mil são parentes de servidores públicos. Desde que o governo anunciou a crise do Ipasgo, com dívida de R$ 304 milhões, o principal motivo apresentado foi o excesso de agregados. Com a mudança, a inclusão de dependentes que não sejam filhos fica proibida, mas os que já estão permanecem, porém com valores mais altos.
A reforma na tabela dos preços servirá também para rever os valores repassados aos profissionais credenciados à rede. “Principalmente também para defender os usuários.” Múcio afirmou que, com os reajustes, existe a previsão das dívidas serem sanadas em 2012. “Com a nova administração, a dívida do Ipasgo está sensivelmente diminuída.”
O diretor esclarece que todas as alterações seguiram dois principais critérios. O aumento médio que hoje é de 61% não poderia ficar superior a 75%. Além também de rigorosamente ficar com valores 25% menores do que qualquer outro plano de saúde do mercado. Ele justifica dizendo que as despesas na área da saúde tiveram inflação de 12% ao ano. “Em 2006 e 2007, o Ipasgo não promoveu nenhuma correção. Em 2008, houve aumento de 45% dividido em três vezes.”

Parcelamento

É justamente esse aumento parcelado que aconteceu há dois anos que a funcionária pública Gildete defende. “Sei que a situação do Ipasgo não é boa. Mas nós não somos responsáveis por isso. Os valores deveriam ter subido gradativamente.” Mas, para Múcio, em um processo de gestão não se pode ser omisso. Ele exemplifica citando o valor da faixa etária de 0 a 18 anos. “Não existe nível de coerência.” O aumento de 145% para a faixa etária de 59 anos para cima, segundo ele, vai oferecer condições de saúde adequada paras as pessoas.
Além disso, ele justifica dizendo que, quando se criou os agregados, há nove anos, o cenário inicial incluía integrantes familiares até 4º grau de parentesco.

Fonte: Jornal O Hoje

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