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terça-feira, 12 de junho de 2012

Sistema penitenciário do DF está perto do colapso


Operação padrão, deficit de servidores e superlotação são apenas alguns dos problemas que atingem o sistema penitenciário do Distrito Federal. O colapso reflete diretamente na segurança das cadeias que formam o Complexo da Papuda, de onde três presos fugiram na madrugada do domingo último. Ontem à tarde, um dos fugitivos foi capturado, na QS 11, no Areal. Os outros dois continuam foragidos.

A cada dia, a população carcerária do DF flutua em direção a números alarmantes, que prometem dobrar a capacidade atual. São 11.418 presos em todas as unidades. Eles se espremem em celas que, juntas, são capazes de abrigar apenas 6,5 mil pessoas. Algumas cadeias, como o Centro de Detenção Provisória (CDP) – unidade onde ocorreu a última fuga –, já registram o dobro de internos a que poderiam abrigar. Os 2.370 detentos estão em celas que possuem capacidade para 1.048 vagas.


Em coletiva no prédio da Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade), o subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe), delegado Cláudio Magalhães, detalhou como ocorreu a fuga dos três presos. O que mais chamou a atenção é que todos passaram por áreas comuns do CDP – como os corredores que ligam as alas – sem que nenhum dos 30 agentes carcerários que estavam de plantão notassem.


Existe a possibilidade de que as barras de ferro das celas tenham sido serradas com a ajuda de lâminas de barbear, já que algumas foram coletadas e são alvo de perícia no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil. “Ainda não sabemos o que foi usado para serrar uma barra de cada um dos três obstáculos que os detentos precisaram ultrapassar para ganhar a liberdade”, explicou o subsecretário.


Após serrar apenas uma barra da cela em que estavam, os suspeitos passaram por um vão com pouco menos de um metro de diâmetro. Em seguida eles ganharam um dos corredores do CDP e tiveram tempo para serrar mais uma barra de um portão. Por fim, eles cortaram parte das grades de um alambrado antes de ultrapassar todas as barreiras do presídio.


Em estado precário de conservação, todas as guaritas externas no presídio foram desativadas. O posto de vigilância onde deveria haver dois ou pelo menos um agente penitenciário estava vazio. “Abrimos um procedimento interno justamente para tentar identificar as circunstâncias em que esses três internos fugiram. Temos a suspeita de que eles teriam usado lâminas de barbear para serrar as barras porque alguns presos que foram ouvidos contaram essa versão. No entanto, vamos apurar todas as possibilidades, inclusive se ocorreu algum tipo de facilitação na fuga”, destacou Magalhães.



Concurso


O subsecretário disse que existe um deficit de servidores no sistema. Atualmente, o quadro é formado por 1.356 agentes, enquanto seriam necessários pelo menos 1,7 mil homens. “Temos 244 vagas em aberto que poderão ser preenchidas pelas pessoas que foram aprovadas no último concurso. Contudo, o processo está emperrado na Justiça e poderá levar algum tempo para esses servidores serem nomeados”, explicou.


O secretário de Segurança, Sandro Avelar, afirmou que a primeira medida para reforçar a segurança está em andamento. A iniciativa consiste na instalação de câmeras de circuito interno. “Algumas já existem dentro do sistema, outras ainda aguardam a fase final da licitação. Esperamos resolver esse problema em alguns meses”, garantiu. O corredor por onde passaram os três fugitivos não contava com o monitoramento do equipamento de vigilância.

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