Pesquisar este blog

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Testemunha quer matador preso

Caminhoneiro que seguiu assassino da menina Ana Lídia Souza diz que teme pela própria vida
Testemunha-chave da morte da adolescente Ana Lídia Souza, o caminhoneiro de 47 anos que seguiu o assassino da menina relatou, em entrevista ao POPULAR, que está revoltado com o crime e tem sede de justiça. Ele se emocionou ao falar dos momentos finais na garota que viu dar “o último suspiro” e diz que sonha com a prisão do matador. “Às vezes choro sozinho. É uma tristeza lembrar daquela criança morta. Quero ver esse cidadão na cadeia”, afirmou.
O caminhoneiro conta que, na tarde do dia 2, passava pelo Conjunto Morada Nova, na Região Sudoeste de Goiânia, voltando de um velório, quando, ao virar na Avenida Piratininga, ouviu dois tiros. Em seguida, viu a vítima caindo e o assassino guardando a arma.
Instintivamente, o homem, que estava acompanhado da filha de 4 anos e da cunhada, deu meia-volta e começou a seguir o assassino, a uma certa distância. A testemunha conta que, minutos antes, havia acabado de passar por um carro da polícia na mesma rota. Sem encontrar o veículo policial, ligou para o 190 e relatou o crime e a perseguição.
A testemunha descreve o assassino como um jovem magro e com cerca de 1,70 metro de altura. Segundo ele, o criminoso estava em uma moto escura e vestia capacete preto, camiseta azul e calça jeans. No entanto, não conseguiu anotar a placa da motocicleta, porque dirigia, falava ao telefone com a Polícia Militar e tentava acalmar a filha e a cunhada, simultaneamente.
O que mais chamou a atenção, segundo o caminhoneiro, foi a frieza do criminoso. “Ou ele estava drogado ou é muito tranquilo, porque ele saiu tranquilamente, nem parecia estar fugindo”, afirmou.
Inicialmente, o caminhoneiro diz ter pensado que o crime se tratava de uma briga de namorados ou até alguma questão envolvendo drogas. Quando soube o histórico de Ana Lídia e da suspeita de um matador de mulheres, procurou a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) e se colocou à disposição para ajudar nas investigações.
Ele diz saber que está se expondo mais do que deveria, mas justifica: “Passo lá e vejo aquele tanto de flor (no ponto de ônibus onde o crime ocorreu), mas a flor principal não está aqui. Penso na minha filha e nas minhas sobrinhas adolescentes”.
Temor
Depois de ter a imagem do caminhão de pequeno porte seguindo o suspeito divulgada em vídeo, a testemunha diz que pretende vender o veículo. O caminhoneiro teme pela segurança dele e da família e disse já ter pedido à polícia que reforce o policiamento no local onde mora. Mais apavorada, a mulher dele pede para que o casal se mude temporariamente.
Ele conta que a filha de 4 anos, que também presenciou o crime, está traumatizada. A menina fala sempre na lembrança de Ana Lídia morta e só dorme em um colchão ao lado da cama dos pais. Não vai nem ao banheiro sozinha.
A família mora em uma cidade da região metropolitana de Goiânia. A mulher da testemunha diz que sempre falava para a filha que, quando crescesse, ela iria estudar na capital. Agora, diz que a menina repete o tempo todo: “Mamãe, eu não quero estudar Goiânia, não”.
“Ela disse ‘ai’ e foi caindo”
Depois de presenciar a morte de Ana Lídia Souza, o caminhoneiro decidiu seguir o assassino. Ele também foi até a Secretaria de Segurança Pública para contar tudo o que viu e colaborar nas investigações.
O senhor viu o motociclista matando Ana Lídia?
Eu estava vindo de um velório. Quando virei naquela avenida de pista dupla, que dá quase de frente para o ponto de ônibus, ouvi dois disparos. Olhei rapidamente no retrovisor e quase simultaneamente virei. No que eu viro, ouvi um grito da menina. Ela disse “ai”, e foi caindo. Eu vi o cara escondendo a arma e saindo com a moto.
Por que o senhor decidiu seguí-lo?
Porque minutos antes eu havia passado por um carro da polícia. Eu pensei: “Vou manter um contato visual aqui porque a polícia está aqui perto”. Peguei o telefone e liguei para a PM.
O senhor viu a placa da moto?
Não. Eu estava acompanhado da minha filha de 4 anos e da minha cunhada, e ela se desesperou. Eu fiquei seguindo o assassino, passando as informações para a PM no telefone e acalmando as duas. Não tinha como ver a placa.
Observou as características dele?
Ele teria cerca de 1,70 metro, andava emborcado numa mota escura, não sei se preta ou grafite. A camiseta era de um azul forte.
O que o senhor falava no telefone para a polícia?
Eu liguei e falei: “Estou aqui seguindo um rapaz aqui que acabou de atirar em uma menina no ponto de ônibus. Eu estou mantendo contato visual e ele está numa moto, de capacete preto, camisa azul e calça jeans”. Dei a localização e as características do meu caminhão. Eu estava seguindo na expectativa de encontrar com a viatura que eu tinha visto antes. O que me chamou a atenção foi que ele saiu tranquilo, frio. Eu ia perseguindo ele e falando com o pessoal do 190. Quando percebi que ele deu uma freada na moto, pensei que poderia voltar e efetuar um disparo em mim. Porque ele percebeu que eu o vi atirar na menina, e ele viu que eu o estava seguindo. Se eu estivesse sozinho, daria para chegar mais perto dele, mesmo correndo mais perigo. Mas como estava com a minha filha e a minha cunhada, achei melhor voltar para o local do crime e ver como estava a menina.
Ana Lídia estava viva?
Quando eu cheguei, ela estava dando o último suspiro. Eu peguei no pulso dela. Peguei uma blusa dentro da sacola dela e tampei as pernas dela. Uma pessoa que estava próxima ainda perguntou se alguém sabia fazer massagem e eu disse que em pessoa baleada a gente não pode fazer massagem. Nesse momento já chega a polícia. Foi rápido, demorou dois minutos para chegar no local e eu dei a direção do cidadão. Quando eles saíram em direção a ele, chegou a segunda viatura e logo em seguida a terceira, mas não conseguiram encontrá-lo.
Sobrevivente não reconhece entregador
O entregador de farmácia, preso na quinta-feira por suspeita de envolvimento em um homicídio e uma tentativa de homicídio, não foi reconhecido pela vítima de um dos crimes pelo qual ele é investigado. A jovem de 18 anos baleada no dia 25 de julho em frente ao Cepal do Jardim América disse que o autor do disparo seria um homem de pele mais clara que o entregador. Além disso, outras características não combinaram, como a roupa usada pelo autor do disparo e as vestimentas do entregador apresentadas pela polícia. Ela é a única sobrevivente de uma lista de 17 nomes de vítimas de motoqueiros em Goiânia desde janeiro que são investigados por uma força-tarefa da Polícia Civil desde a semana passada.
Com isso, vai perdendo força a hipótese de envolvimento dele na tentativa de homicídio e na morte da auxiliar administrativa Juliana Neubia Dias, de 22 anos. Os dois crimes aconteceram em um intervalo de menos de 10 minutos no dia 25 de julho, em uma distância de aproximadamente de dois quilômetros.
A polícia chegou até o entregador por causa da tornozeleira que ele usa para poder cumprir em liberdade o regime semiaberto. Segundo a polícia, o homem cumpre pena por roubo qualificado e formação de quadrilha. O GPS do aparelho indicou que ele esteve próximo aos dois locais de crime no momento em que ocorreram. O advogado Murilo Feitosa, que defende o suspeito, diz que o equipamento tem uma margem de imprecisão de 600 metros e não é possível traçar a rota exata que ele fez naquele dia.
Ainda segundo o advogado, o entregador - que trabalha em uma farmácia - estava trabalhando no dia 25 de julho e fazia entregas no momento em que os crimes ocorreram, conforme relatórios de entrega feitos por ele no serviço. “Ele foi fazer o trabalho dele e o raio de 600 metros pegou. O aparelho mostra que ele esteve na Avenida D, mas o povo do local de trabalho dele diz que é lá que ele compra lanche para o pessoal”, disse.
Feitosa disse que vai esperar a conclusão dos trabalhos da polícia em relação a seu cliente para entrar com o pedido de soltura na Justiça. Ele acredita que isso ocorra ainda nesta semana. “As informações não batem. As características são diferentes”, disse. O advogado ainda aguarda para ter acesso a mais informações sobre as suspeitas contra seu cliente.
Conforme O POPULAR já noticiou, a própria polícia já está descartando o envolvimento do entregador com os dois crimes investigados. Justamente pela imprecisão da rota mostrada na tornozeleira e pela dificuldade em encontrar outras provas contra ele.
Além do entregador, só há mais um preso desde a criação da força-tarefa. O lavador de carros Flávio Marques Alves, de 27 anos, foi detido na noite de sexta-feira. A prisão dele, por receptação, pela Polícia Militar foi motivada pelo vídeo no qual ele é apontado como o homem que aparece roubando uma padaria próxima ao local onde Ana Lídia de Sousa Gomes seria assassinada no dia seguinte. Mas a polícia não acredita no envolvimento dele com as mortes.
Reunião com governador divide opinião de famílias
Os familiares das mulheres vítimas da série de assassinatos cometidos por motoqueiro este ano, em Goiânia, saíram divididos da reunião com o governador Marconi Perillo (PSDB), que aconteceu ontem, no Palácio das Esmeraldas. A expectativa de alguns era que algo concreto fosse apresentado sobre o andamento das apurações, mas os discursos apresentados, em geral, foram para reafirmar apenas o empenho da Polícia Civil para elucidar os casos. Ao todo, 17 famílias foram convidadas, correspondentes aos 17 crimes que estão sendo investigados pela Força Tarefa, mas só 12 enviaram representantes.
Ao final, aqueles que, até então, não estavam acompanhando de perto a investigação, saíram satisfeitos por saber que os delegados e agentes focados no trabalho. “Trouxe uma segurança maior para a gente continuar acreditando, porque quando não temos respostas parece que a gente vai ficando meio doente”, expressou a dona de casa Marlene Bernadete de Sousa, mãe da recepcionista Bruna Gleycielle de Sousa Gonçalves, 27, assassinada na Avenida T-9, no dia 8 de maio.
Para quem tem ido à delegacia e buscado por informações a respeito dos casos, a reunião pouco trouxe de alento e conforto. Irmão da jovem Taynara Rodrigues da Cruz, 13 anos, morta no dia 15 de junho no Bairro Goiá, Marcos Paulo Rodrigues, 26, disse acreditar totalmente no trabalho da polícia, mas a expectativa era que a reunião pudesse trazer informações mais concretas, como estar próximo de pegar o suspeito. “Falaram que estão investigando, alguns casos estão avançados e que outros não tem relação com os demais”, expôs.
Fonte: Jornal O Popular

Nenhum comentário:

Postar um comentário