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quarta-feira, 6 de março de 2013

Auditoria da UEG não encontra fraude em provas

Parecer ainda é inicial e Ministério Público solicita o afastamento da instituição da realização dos certames.


Sindicância interna feita pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) concluiu, a princípio, que não houve tentativa de fraude nos concursos realizados pela instituição. A informação é do reitor Haroldo Reimer, que ontem esteve com o secretário estadual de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, para solicitar uma investigação mais detalhada, com a participação da Polícia Civil. Segundo ele, a auditoria interna não encontrou indícios de que informações vazaram antes da realização das provas.

Reimer, no entanto, tem posicionamento cauteloso quanto ao resultado da investigação. Ele defende que não dá para comparar uma sindicância interna com a importância e técnica do trabalho que pode ser feito por uma polícia especializada. O reitor acrescenta, ainda, que a auditoria considerou como indício de fraude, apenas, o provável vazamento de informações antes da realização dos certamente e que, a partir disso, centralizou a busca de indícios no gabarito.

Na semana passada, antes do anúncio oficial de suspensão dos concursos, feito pela Secretaria Estadual de Gestão e Planejamento (Segplan), o controlador geral do Estado, José Carlos Siqueira adiantou para O HOJE que recomendou, inclusive, a participação da Polícia Federal nas investigações. Haroldo Reimer pretende dar continuidade nas auditorias e conseguir o máximo possível de informações. Até mesmo porque o governador Marconi Perillo chegou a declarar que, se for comprovada a inexistência de fraude, não tem porque manter a suspensão dos concursos.

A Segplan decidiu pelo cancelamento temporário de todos os certames feitos na atual gestão. Além dos cinco anunciados para este ano, referentes a cargos na Segurança Pública do Estado, foram atingidos também o concurso para pesquisados do Instituto Mauro Borges (IMB) e outro para selecionar professores temporários para atuar na Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Sectec). Estes dois foram realizados no final do ano passado e, conforme averiguação da Controladoria Geral do Estado (CGE), também sofreram do mesmo problema no gabarito, com a repetição de sequências de letras.

R$ 5 milhões em custos

O Ministério Público de Goiás (MP/GO) apurou quanto foi investido pelo Estado na realização dos concursos e considera a quantia alta demais para continuar a manter a UEG como responsável pela tarefa. Nos certames para oficial combatente / cadete da Polícia Militar, oficial de saúde / 2° tenente, soldado 3ª classe e soldado músico, o governo gastou o valor de R$ 2.037.620, dividido em quatro parcelas. Já em relação à prova para os cargos de delegado substituto, agente de polícia de 3ª classe e escrivão de polícia de 3ª classe da Polícia Civil, o custo estimado é de R$ 3.148.836,64, também dividido em quatro parcelas, sendo que nos dois casos, apenas as primeiras foram pagas.

MP recomenda saída da UEG de certames

Diante do alto custo e dos indícios de irregularidade, os promotores Fernando Krebs e Sandra Garbelini enviaram, ontem, ao procurador-geral do Estado, Alexandre Tocantins, uma recomendação sugerindo a mudança na entidade responsável pela realização dos concursos para cargos na Segurança Pública. Eles defendem o afastamento da UEG para que se possa garantir a licitude e a validade regular das provas, assim como a agilidade e eficiência, respeitando a legislação vigente.

Na carta-recomendação, os promotores ressaltam as denúncias recebidas pelo MP/GO de provável fraude no gabarito das provas e que a espera na apuração do caso retardaria o andamento do certame. Krebs e Garbelini lembram ainda que é extremamente importante em qualquer processo seletivo a confiança na entidade realizadora do mesmo, pois não podem pairar dúvidas e quaisquer resquícios de parcialidade. O controlador geral do Estado, José Carlos Siqueira, reconheceu, na semana passada, que a situação verificada significa uma fragilidade para a disputa de cargos públicos e que o correto, na visão dele, seria, sim, realizar novas provas.

Os promotores destacam, ainda, que se for comprovada a fraude, os concursos serão anulados e isso pode implicar, sobretudo, em prejuízo para os concorrentes. Eles citaram na carta o histórico da UEG em denúncias proferidas pelo Ministério Público, como o caso envolvendo os ex-reitores José Izecias de Oliveira e Luiz Antônio Arantes. Ambos, acusados de desvio de dinheiro da instituição. Também é apontada a existência de ação civil contra a Universidade em virtude da ausência de concursos públicos para prover o quadro de servidores, desde a sua criação, em 16 de abril de 1999.

Outro fato levantado é a relação da ex-diretora do Núcleo de Seleção da UEG, Eliana Machado Pereira Nogueira, com o sócio do contraventor Carlinhos Cachoeira, Carlos Antônio Nogueira, que é conhecido como Botina e que aparece, inclusive, nas ligações interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Eliana é esposa de Botina e ocupava o cargo até segunda-feira da semana passada, quando foi afastada em razão das suspeitas de irregularidade nos concursos.

Fonte: Jornal O Hoje

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