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sábado, 17 de setembro de 2011

Violência crescente no Entorno

Dezenove cidades, 1,5 milhão de habitantes e insegurança. É essa a realidade do Entorno do Distrito Federal (DF), mesmo após a instituição do Gabinete de Gestão de Segurança do Entorno e do uso da Força Nacional de Segurança Pública na região. O número de homicídios de janeiro a agosto deste ano aumentou 22,76% em relação ao mesmo período de 2010 (foram 347 ocorrências no ano passado e 426 neste). E não para por aí. A estatística poderia ser pior, pois houve 462 tentativas de assassinato neste tempo, contra 358 nos oito primeiros meses de 2010 (29,05%).
O gabinete foi instituído em fevereiro pelo governador Marconi Perillo, após estatísticas alarmantes divulgadas pelo Ministério Público em que a região possui o triplo da média nacional de assassinatos – algumas cidades possuem 75 mortes para cada 100 mil habitantes. Outros fatos que contribuíram para o gabinete foram revoltas populares nas cidades de Santo Antônio do Descoberto por insatisfação com poder público e ausência do Estado, como falta de hospitais, escolas, serviço de transporte e, claro, segurança.
Para liderar o gabinete, o escolhido foi o ex-comandante-geral da PM coronel Edson Costa de Araújo e uma das primeiras medidas tomadas foi receber o apoio da Força Nacional na região, que atua desde maio e ficaria até agosto. No dia 2 do mês de agosto, o Ministério da Justiça (MJ) prorrogou por mais três meses a permanência da Força Nacional, a pedido de Marconi. A entidade atua em cinco cidades: Águas Lindas, Novo Gama, Luziânia, Valparaíso e Cidade Ocidental.

Efetivo

A quantidade do efetivo da Força Nacional não é divulgada por razões de segurança, mas, nos três primeiros meses, foram abordadas 15 mil pessoas e 1,6 mil veículos. O grupamento recuperou R$ 35,7 mil ligados ao crime e prendeu 70 pessoas em flagrante. O coronel avalia que a expectativa ainda é positiva sobre a presença dos integrantes extras. “O que temos é que, nos últimos quatro anos, a cada ano, a violência no Entorno aumenta cerca de 20% e nossa expectativa é que esse número diminua com a Força.”
As 19 cidades do Entorno registraram 72 assassinatos só em março, ainda sem a Força Nacional, sendo o recorde deste ano. Após a entrada da corporação, o número chegou a 44 em maio, subiu a 52 em junho, voltou a cair em julho (49) e chegou a 46 durante agosto. Embora se perceba a queda, os números, mesmo sem a Força Nacional, são melhores nos mesmos meses de 2010. Em maio do ano passado, foram 38 mortos e, nos meses seguintes, 45, 40 e 38. Na comparação com o pior mês, com 72 mortos, em 2010, foram 44 em março.

Sindicato faz protesto por meio de outdoors

No mês de agosto, a situação de calamidade do Entorno do Distrito Federal ficou representada em outdoors nas entradas das cidades de Valparaíso e Águas Lindas de Goiás. Colocadas por representantes do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol), as propagandas diziam: “Cuidado! Você está entrando na região mais violenta do planeta! O Entorno do DF!”. A ideia era protestar por melhorias no trabalho e a convocação de mais policiais para a região. Coronel Edson Costa, chefe do Gabinete de Gestão de Segurança do Entorno, conta que a situação foi contornada pelo de­legado-geral da ­PC, Ede­mundo Dias, e que não refletiu nos dados apresentados pelo gabinete.
“O mais preocupante no relatório, que recebemos com grande preocupação, é o homicídio, mas todos os crimes no Entorno, como roubos, furtos e os assassinatos são consequências do tráfico de drogas. Se resolver esse, podemos resolver os demais”, relata o coronel. E os números dos outros crimes na região também são altos. O furto a residências, por exemplo, saiu de 491 ocorrências de janeiro a agosto de 2010 para 1.294 no mesmo período deste ano, uma variação de 163,54%. 
No entanto, os ladrões não subtraem objetos apenas na ausência de pessoas. O roubo a comércios cresceu 11,75% no período, saindo de 502 em 2010 para 561 neste ano. Em contrapartida, houve diminuição no roubo a transeuntes, que neste ano o número foi de 717 ante 809 nos oito primeiros meses do ano passado. Nestas situações de roubo, em outras sete, houve vítimas fatais. Em 2010, foram seis. No Entorno, também há alta incidência de estupros, que cresceu 23,21% de janeiro a agosto em relação a 2010 (69 a 56).
Em relação às cidades, Luziânia foi aquela com maior incidência de homicídios nestes oito meses, com 107 vítimas fatais; 80 pessoas sofreram atentados. A cidade também possui o maior número de ocorrências de roubos (313), estupro (19) e furto (402). Em contrapartida, este fato pode ser explicado por Luziânia ser a maior cidade da região e mais habitada (175 mil pessoas). 

Coronel Edson defende investimento de R$ 500 mi

Chefe do Gabinete de Gestão de Segurança do Entorno, o coronel Edson Costa avalia que os habitantes da região só poderão viver com sensação de segurança se houver mais investimentos na região. “A gente precisa melhorar em tudo. Em relação ao contingente, devíamos ter ao menos dois terços a mais do que temos. No entanto, a estrutura é precária e calculo que, só neste aspecto, teríamos de ter um investimento de cerca de R$ 500 milhões, para construir delegacias, Instituto de Medicina Legal, Corpo de Bombeiros e tudo mais”, disse.
Embora o valor do investimento possa parecer alto, coronel Edson lembra que o investimento dará qualidade de vida às pessoas do Entorno e a quantia é a mesma ou até menor do que o investido em algum dos estádios que estão sendo feitos para a Copa do Mundo de 2014. O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, por exemplo, terá investimento de R$ 600 milhões. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública revela que, por ano, são investidos R$ 30 milhões no Entorno e a estimativa é que seria necessário incremento de mais R$ 40 milhões.
O Estado de Goiás e o governo do Distrito Federal (GDF) buscam alternativas em conjunto para melhorar a segurança do Entorno. Edson Costa relata que se reuniu com o GDF para analisar as necessidades da região e repassar ao governo federal. “O governador Marconi Perillo se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e ela se mostrou sensível em relação a esta região, tanto é que deve ser criado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Entorno”, diz Edson. Uma das ideias é incorporar policiais comunitários na região, aos moldes das unidades pacificadoras do Rio de Janeiro.
O projeto será entregue ao secretário goiano João Furtado para análise e encaminhado à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, coordenadora do PAC. “Nosso projeto é para os próximos dez anos do Entorno, pensamos no ideal para este período, para a estruturação de todas as áreas”, afirma Edson. A região possui cerca de seis mil mandados de prisão não cumpridos e 10 mil inquéritos parados. Algumas cidades não têm comarcas e, outras, menos de quatro juízes.

Fonte: O Hoje

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